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sábado, 21 de julho de 2012

NOTÍCIAS DO FRONT: Teaser Trailer - Superman: O Homem de Aço



Registro desde já, minha expectativa de que o filme cujo primeiro teaser trailer poder ser conferido abaixo, será um filmaço:



Com direção do Zack Snyder, e dessa vez protagonizado pelo Henry Cavill, o filme estreia em 14 de julho de 2013.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

HOMEM-ARANHA 3 (2007)



Era uma ocasião sem precedentes.
O encerramento da primeira trilogia Homem-Aranha vinha sendo chamado de o maior filme de heróis de todos os tempos.
Isso porque após dois competentes primeiros filmes, e uma bilheteria que fez as franquias “X-Men”, e “Blade“ caírem no esquecimento durante a véspera do terceiro longa-metragem do aracnídeo, Homem-Aranha 3 chegaria sem alterações em seu elenco principal, ou de diretor. Ou seja: ao que tudo indicava, a qualidade dos anteriores retornaria.
E não apenas por isso, mas também pelo marketing associado ao lançamento, que reforçava a certeza de sucesso comercial.

Elenco e diretor de volta, além de novas adições dentre os personagens vindos das páginas da Marvel Comics, e que pareciam estar lá muito mais para agradar o público do que por uma questão de decisão do cineasta responsável.
E pra falar a verdade, Sam Raimi não estava mesmo interessado em muito do que estaria presente.
Seu roteiro original teria na função de principal vilão o Homem-Areia, algo que foi rechaçado pelo estúdio que fez questão de um novo direcionamento das atenções do protagonista.
Ainda assim, o Flint Marko (interpretado por Thomas Haden-Church), o qual irá se transformar no ser arenoso, reflete muito bem a atenção que Raimi havia lhe dedicado afim de que fosse verdadeiramente digno de ser o principal adversário do herói nesta empreitada.
Afinal, em Homem-Aranha as motivações sempre são peça primordial na trama.
Enquanto nos quadrinhos muitas vezes heróis são heróis porque ganharam poderes, e só, e vilões idem, o Homem-Areia seguirá uma estruturação que lembra o cuidado que Raimi teve com o próprio Aranha, salvas as devidas proporções.

Em Homem-Aranha 3, o outrora capanguesco Flint Marko tem razões para suas atitudes, não tornando-se o vilão por comodismo ou a praticidade de não perder tempo na fila do banco para sacar seu dinheiro. Ele não rouba pela riqueza em si, e sim por uma questão familiar que o filme vai tentar explicar.
E eu digo “tentar” porque se torna um exercício a mais do diretor conseguir lidar com a imposição do estúdio, afinal, além do Homem-Areia, e do Harry Osborn/ Duende Verde (James Franco) que ele preparou com atenção redobrada nos outros filmes, Raimi é obrigado a adicionar um personagem dos quadrinhos o qual o próprio diretor não aprecia, e com isso as coisas rumam para fora dos trilhos.
Mas vamos por etapas.

Peter Parker (Tobey Maguire) vive um bom momento desta vez.
Especialmente no que se refere ao relacionamento com Mary Jane (Kirsten Dunst), afinal, o Homem-Aranha não tem representado empecilho desde que Peter parece ter encontrado o equilíbrio entre ser o vigilante mascarado e sua vida pessoal.
Enquanto isso, seu outrora amigo Harry enfim irá servir ao propósito para o qual veio sendo desenvolvido, tendo de ser o pior de todos os vilões que o herói já enfrentou.
E isso não tem nada a ver com poder.

Na franquia Homem-Aranha, uma característica essencial nos vilões é uma proximidade com o próprio herói, e isso esteve presente no Duende Verde (Homem-Aranha, 2002), no Doutor Octopus (Homem-Aranha 2, 2004), e não seria diferente em 2007.
Porém, Harry Osborn foi o que teve o desenvolvimento mais detalhado, e na trama ele não é menos que um irmão para Peter.

Assim, do mesmo modo que Sam Raimi trabalha a empatia da plateia com o nerd do Queens que combate o crime, as pessoas ao seu redor, enquanto parte de uma família com o próprio, devem também ter significado para o espectador.
Na busca por sua vingança, aliás, este novo Duende Verde vai ser responsável por uma das melhores sequências de ação do filme, em um combate que é um excelente cartão de visitas do que o longa-metragem promete, sempre com a marca registrada do cineasta, além dos efeitos especiais que ele se acostumou a empregar desde que se tornou diretor com crédito em Hollywood.
E o resultado dessa perseguição do novo Duende Verde ao Spider-Man terá consequências fundamentais ao longo do filme.

Porém, ainda que o Harry vilanesco saia de cena por um tempo, o Homem-Areia vai ser problema o suficiente pro heroísmo de Peter resolver, com mais algumas sensacionais sequências de ação nos embates entre os dois, ainda que nenhuma delas se compare à extraordinária representação do acidente que muda a vida de Flint Marko.
O oceano de areia é um primor visual e demonstração do envolvimento do cineasta com a exigência de fazer crível o mais exagerado super-poder a surgir na franquia.

Não que isso adiante muito, afinal, quando as coincidências começam a acontecer, antes mesmo da referida cena, credibilidade não é exatamente o que o filme passa para o público.
Fica evidente que o roteiro teve que se adaptar ao surgimento de um novo personagem, aquele que eu mencionei que o cineasta nem aprecia dos quadrinhos, e seu nome é Venom.
Nas HQs o simbionte alienígena é vinculado ao segmento “megassagas da Marvel envolvendo um monte personagens”, algo que em 2007 ainda nem era sonhado que pudesse ocorrer no cinema, pois “Os Vingadores” (2012) era algo inimaginável, e “Homem de Ferro”, o primeiro acerto do Marvel Studios só iria estrear no ano seguinte.
Então, de que maneira o simbionte iria surgir?
Não interessa. Inventem que ele cai por ali, onde o Peter está”.

Nesse embalo, o Eddie Brock (Topher Grace) responsável por “vestir” o simbionte assim que Peter consegue se desvencilhar dele, terá papel de seu concorrente no Clarim Diário, e tem seu interesse romântico atendendo pelo nome Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard), que irá criar uma fixação pelo Homem-Aranha após este salvá-la (deixando para trás o perigo para os figurantes escaparem por conta própria, vale mencionar), e a moça então funciona para fazer ciúmes a Mary Jane, que além de cantar mal e por isso ser dispensada de seu musical, tem que aguentar seu namorado Peter mergulhado em excesso de confiança, que logo se mistura com raiva ao descobrir com sua tia May (Rosemary Harris) que o Capitão de polícia Stacy (James Cromwell), pai de Gwen, tem provas de que o responsável pelo assassinato de Ben Parker (Cliff Robertson) lá no primeiro filme, era na verdade Flint Marko.
Então. Parece enrolado?

Isso se deve ao fato de que realmente é uma tresloucada sitcom o que torna-se grande parte do filme, para assim dar conta de apresentar tanta gente no elenco, tendo cada um deles um considerável tempo em cena, afinal, a essa altura todos são de alguma maneira importantes para o enredo.
É muito fácil durante o assistimento do filme se perder em sub-tramas que tentam beirando a exaustão (do espectador) ligar todos os novos fatos e dramas particulares de cada personagem.
E isso na maioria das vezes é feito por meio de clichês e coincidências.
Ainda que, se no Prometheus de Ridley Scott (só pra mencionar um exemplo recente) as coincidências sejam o ar que o filme respira por comodismo, no Homem-Aranha 3 é perceptível que o diretor Sam Raimi simplesmente não tinha o poder de mando e desmando que um Riddley Scott tem frente ao estúdio, e por isso foi pondo em prática a arte do remendo para tentar salvar sua obra.
Muito fácil lembrar de outra adaptação de HQs envolta em expectativa e que acabou sucumbindo às insistentes bobagens de estúdio interessado em dinheiro mesmo que sacrificando o futuro da franquia, pois o "X-Men Origens: Wolverine" teria em 2009 aspectos similares durante sua produção, os quais acabaram prejudicando o trabalho do diretor Gavin Hood, e o resto todo mundo sabe.


Em Spider-man 3, é graças ao empenho do diretor que ao menos existem ainda bons momentos com alguma dramaticidade, dignos de nota, dos quais ressalto o plano de Harry para vingar-se de Peter assim que o herdeiro do clã Osborn recupera a memória.

Fora isso, lamentavelmente destacam-se algumas caracterizações ruins (o uniforme do Duende Verde, ou a deplorável versão “dark” de Peter), ou exageradas demais (a conversão do Homem-Areia em ser hediondamente fora dos padrões do universo do Aranha, mesmo que sempre com impecáveis efeitos CG), além, é claro, do Venom que não diz a que veio.
O principal responsável pela perda de foco no roteiro, aparece no filme simplesmente pra soar um capanga a mais, em um filme que poderia ter sido sim um épico do nerdismo.
E no que se refere à simbiose com Peter, ele mais serve para demarcar as cenas que denotam a crescente busca do personagem por vingança.

Há acertos, é claro, e a maioria deles se deve a Sam Raimi.
O diretor de Evil Dead sabia realmente em que estava trabalhando quando construiu os laços de proximidade entre os personagens ao longo dos filmes, e no que lhe é possível, desata os nós no terceiro longa-metragem, esclarecendo que isso tudo foi a jornada de Peter Parker, e não do Homem-Aranha.
Afinal, é Peter quem vê seus relacionamentos arruinados, e as pessoas com as quais se importa sofrendo as consequências por suas atitudes.
E se ele é o responsável, e faz o possível para remediar seus erros, nada mais justo do que ele estar disposto ao perdão.

O Homem-Aranha segue seu caminho combatendo bandidos, mas seu alter-ego tem que lidar com a perda, e certamente com a culpa, algo que ele carrega desde o primeiro filme, e que de certo modo o cineasta busca exorcizar nesse desfecho de sua participação na cinessérie.
Por isso, a tragedia do protagonista resulta em escolhas, que até pela responsabilidade que envolve sua decisão de ser herói, acabam indo de encontro ao que o típico blockbuster de ação faz o espectador imaginar que encontrará.
Ao fim, de maneira mais poética do que os executivos da Sony iriam insistir que fosse feito, Raimi devolve um pouco de dignidade à produção, que ainda assim acabou destinada ao limbo das produções a servirem de exemplo de decepção do público.
Mas ainda assim, a trilogia Homem-Aranha deixou sua marca, e o tanto de ideias e drama que o diretor teimou em adicionar em meio às vertiginosas batalhas, e ao oceano de personagens desprovidos de propósito nesse último capítulo serviriam para que fossem minimizados os efeitos que os erros recorrentes de Hollywood trouxeram para Homem-Aranha 3, que poderia ter sido melhor, mas também poderia ter sido bem pior.
As lições que Peter Parker, e Sam Raimi aprenderam com a trilogia ensinaram muito aos que ousariam trilhar pelo caminho do cinema de HQs.
Marvel Studios e Christopher Nolan que o digam.


Quanto vale: Meio ingresso quando muito.
Homem-Aranha 3
(Spider-man 3)
Direção: Sam Raimi
Duração: 139 minutos
Ano de produção: 2007
Gênero: Aventura/Ação


domingo, 15 de julho de 2012

AGUARDEMOS - Superman: Man Of Steel



E enquanto a Marvel mobiliza suas ações para o início de um novo arco de histórias no cinema, a Warner sabe que não pode desperdiçar o potencial que existe nas HQs da DC Comics.

Sendo assim, com a proximidade do desfecho da trilogia do morcego de Gotham em O Cavaleiro das Trevas Ressurge no próximo dia 27 de julho, eis que um novo re-re-começo para o Superman é assunto a não desconsiderar.

Então, dia 14 de junho de 2013, veremos a releitura do personagem pelo diretor Zack Snyder, com o ator Henry Cavill tentando repetir o que de tão difícil, Christopher Reeve conseguiu apenas uma vez ao ser aclamado mundialmente em Superman: O Filme (1978).

Aguardemos.

AGUARDEMOS - Marvel Studios (Fase 2)




E já está bastante adiantada a Fase 2 do plano engendrado pelo Marvel Studios.
Sendo assim, programem-se com os filmes que já têm suas datas agendadas, enquanto fica a expectativa com algumas outras possibilidades ainda não confirmadas:

Iron Man 3 - 03 de Maio de 2013
Thor: The Dark World - 08 de Novembro de 2013
Captain America: The Winter Soldier - 04 de Abril de 2014
Guardians of the Galaxy - 1º de Agosto de 2014








Portanto, aguardemos.

sábado, 14 de julho de 2012

AGUARDEMOS - The Walking Dead (Trailer da Terceira Temporada)



Apesar de uma segunda temporada repleta de ideias abominavelmente ruins, reconheço que este trailer da terceira temporada do sucesso adaptando para a televisão os quadrinhos criados por Robert Kirkman me pareceu melhor que todo o seriado até aqui, e assim, tornando-o digno de ter seus novos 16 episódios assistidos, os quais hão de estrear no dia 14 de outubro.



Aguardemos.

AGUARDEMOS - Rurouni Kenshin - O Filme (Trailers 2 e 3)



Nesse intervalo em que reviso os textos da continuação do Especial Spider-man aqui no Blog, aproveito pra mencionar este filme que já vem sendo falado há tempos. 
Assim, tendo encontrado o segundo e terceiro trailers legendados da vindoura adaptação de quadrinhos para o cinema "Rurouni Kenshin", me pareceu o momento adequado pra poder publicar aqui provido de um falso ar de novidade.

Entonces, verifiquem abaixo:





De minha parte, tendo lido toda a série em quadrinhos (por aqui chamada Samurai X), posso dizer que é perceptível uma grande dose de fidelidade com os quadrinhos do autor Nobuhiro Watsuki, ao englobar os primeiros volumes do mangá, o qual apresenta em sua fase digna de leitura uma interessante conciliação entre drama histórico, embates samurai quase-jedi, e humor.

Ainda assim, eu somente confiaria ser material de qualidade se a adaptação para o cinema estivesse a cargo de Takeshi Kitano (Zatoichi, 2003), ou Stephen Chow (Kung-FuSão, 2004), que apesar de estilos tão diferentes de cineastas, já provaram ter características que serviriam muito bem para contar a história do ex-retalhador Kenshin Himura, que vive na condição de andarilho pelo Japão.
Se em Zatoichi, Kitano dosou humor com um estilo clássico de história de samurais, Stephen Chow tem em sua filmografia alguns dos exemplares mais hilários em se tratando de filmes de luta com humor, além, é claro, da estilização de mangás e desenhos animados que ele tão bem soube traduzir para os seus longa-metragens.

Enquanto isso, Keishi Ohtomo, o cineasta responsável por Rurouni Kenshin - O Filme, parece estar ao menos se esforçando, e nos vídeos os aspectos familiares aos fãs se sobressaem, ainda que a escolha da banda de rock a qual integra a trilha do trailer seja um equívoco descomunal. 
E falando em banda de rock, o protagonista do filme, o ator Takeru Sato, que interpreta o personagem-título Kenshin Himura, é conhecido por ter protagonizado outra adaptação de quadrinhos para o cinema que atende pelo nome Beck, e conta a trajetoria de uma banda de rock.
Mas isso é assunto do qual vou falar por aqui no futuro.

Apesar dos pesares, pelo que foi visto nos trailers, há motivo pra ter expectativa positiva com relação ao filme.
A estreia no Japão ocorre em 25 de agosto de 2012, e no Brasil ocorre...
É.
Piada infame.

Aguardemos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

HOMEM-ARANHA 2 (2004)


Em um momento no qual vimos a primeira hexalogia das HQs na sétima arte completada em “Os Vingadores”, o recomeço de uma franquia de sucesso em “X-Men: Primeira Classe” (2011), a trilogia Batman próxima de seu desfecho, além dos reboots, sejam o vindouro “Superman: Homem de Aço” (2013) por Zack Snyder ou até a possibilidade de reinício do Lanterna Verde de 2011, parece estranho mencionar uma época em que a incerteza ainda reinava para as adaptações quadrinhísticas rumo à telona e qualquer nova tentativa era mais passível de receber um não do que qualquer outra coisa.
Mas lá em 2004, a situação recém começava a mudar.


O "Homem-Aranha 2" viria após "Blade 2" (2002), e "X-Men 2" (2003), e especialmente após o estrondoso sucesso do primeiro Homem-Aranha (2002).
Agora, mais do que incerteza, a palavra que rodeava a produção era expectativa.
Sam Raimi estaria de volta, além da trinca fundamental do elenco: Tobey Maguire (Peter Parker), Kirsten Dunst (Mary Jane Watson), e James Franco (Harry Osborn).
E conforme ensina a cartilha da franchise milionária, um segundo filme precisa aumentar a escala.

Um novo vilão, então?
Claro. E a escolha do ator Alfred Molina para interpretar o Doutor Otto Octavius foi realmente um acerto notável.
No entanto, por mais que o maior orçamento traga consigo maior liberdade para criar um espetáculo visual muito superior ao longa-metragem predecessor, é importante lembrar que também existem muitas cenas em que o protagonista nerd azarado deve lidar com os problemas da sua vida comum, sem máscaras ou super-poderes.
Se isso não for interessante e não agregar novos elementos ao desenvolvimento do personagem e a seu universo, a probabilidade maior é de quebrar alguns recordes na semana de estreia, comercialmente falando, tendo em seguida uma queda precipício abaixo na semana a seguir.
E ninguém queria isso, nem produtores, nem elenco, e muito menos Sam Raimi.
O dilema que se instaurava era: o que, além de um cientista maluco possuidor de quatro tentáculos mecânicos, o herói precisa enfrentar dessa vez?
Resposta: a própria motivação de ser um herói.


Simples? Aparentemente. Mas não distante de alguma complicação caso lembremos que o próprio Super-Homem teve seu filme de "opto por não ter mais super-poderes e levar uma vida comum juntamente com as pessoas que amo", que apesar de não ser inteiramente questão de diretor, acabou resultando em uma produção que, se não chegou nem perto de ser um grande filme, ao menos elevou ainda mais a exaltação quanto ao primeiro "Superman", de 1978, devido à comparação com um segundo filme medíocre.
Raimi teria uma estrategia para um resultado melhor do que o obtido por Donner/Lester em 1982?

O fato é que em "Homem-Aranha 2" o próprio Parker é diferente, ou melhor, vê as coisas de maneira diferente, ainda que se engane quem pensa que o heroi aracnídeo que ele é entre uma aula da faculdade e outra tenha mudado na mesma medida.
O Homem-Aranha vai até muito bem, obrigado, mas isso não ia ser a grande sacada do roteiro, com certeza, e sim qual rumo o seu alter-ego decidiria trilhar.
O caminho de poder e responsabilidade exigia sacrifícios que iam além do que se pensa lendo HQs e sonhando em ser o destaque das manchetes dos jornais.
Assim, o enredo da sequencia versa a respeito de escolhas, somando os resultados destas à confirmação da figura do herói enquanto ser falível e por isso tão facilmente identificável com a plateia que o assiste na sessão.
O diretor conduz com precisão as tragedias que envolvem seu protagonista em razões para questionar o quanto ele necessita realmente prosseguir lutando por um motivo que ele mesmo desconhece.

Nesse contexto, a maneira bem-humorada com que o cineasta conta a historia não diminui sua dramaticidade, e nessa pequena fábula cheia de pequenas lições de moral, o objetivo final consegue novamente ser alcançado se esquivando da rotulação na categoria de filme piegas para olhar resmungando.
Talvez porque dessa vez a vida de Parker não tem piorado por puro azar, e sim por consequência, seja nos problemas envolvendo sua tia May (Rosemary Harris), ou o vingativo amigo Harry Osborn, e é claro, a distância crescente no que diz respeito a Mary Jane.
Afinal, o roteiro o fará, mais do que aceitar a responsabilidade, ter que lidar com a culpa por seus atos, apresentando um entendimento pouco comum em produções do gênero, de que após o salvamento ainda há sempre alguém que acaba de algum modo ferido.


E pra completar o espetáculo, o inimigo a catalisar o bom investimento dos 200 milhões de dólares de orçamento faz sua parte.

Além de uma atuação e caracterização convincentes, Alfred Molina conta com a criatividade do diretor para que o Doutor Octopus por ele interpretado seja o pior adversário que o herói lançador de teias já enfrentou no cinema.
Em especial na sequencia épica levando a uma conclusão no embate em um trem elevado, Sam Raimi realiza um trabalho próximo da perfeição enquanto os efeitos especiais traduzem a inventividade que ele já havia demonstrado nos Evil Deads e em Army Of Darkness, ainda que naqueles tempos com muito mais massa de modelar e caretas de Bruce Campbell fazendo o trabalho pesado.
Porém, verdade seja dita, a aura trash ainda está presente, e o massacre protagonizado por Octopus no hospital é a melhor forma de exemplificar isso.

A trama bem amarrada funciona de tal forma que nem mesmo a sensação anti-climática deixada pelas pontas providencialmente soltas ao fim da sessão possam soar algo forçado meramente para a manutenção da franquia. 

É apenas parte do que é uma boa série em quadrinhos, com a saga esperando a próxima edição.
Os personagens tomam atitudes e pagam o preço por elas, de modo que o fim do filme não é apenas o retorno ao ponto inicial depois de derrotar o vilão da ocasião.
E é claro, o andar do longa-metragem deixa evidente o fortalecimento da personalidade de Harry Osborn, personagem cada vez mais importante para o enredo, e que demonstra que não há peça desprovida de função no aparentemente inofensivo longa-metragem para toda família dirigido por Raimi.

Por muito tempo cineastas receberiam a missão de repetir o sucesso de bilheteria e de crítica obtido neste segundo filme do escalador de paredes da Marvel Comics.
Seria necessário, quatro anos depois, a própria Marvel assumir a dianteira das adaptações de seus personagens para enfim começar a compreender a partir de “Homem de Ferro” (2008) o que Sam Raimi havia feito e que oportunizou a visibilidade que o cinema de HQs necessitava para tornar-se mais do que somente uma fonte de lucro potencial. 
Aos olhos de estúdios e do público as páginas dos quadrinhos passariam a representar uma fonte infindável de historias que, nas mãos das pessoas certas poderiam render produções detentoras de mais a dizer do que apenas explosões e diversão momentânea.
O melhor filme do personagem havia dado seu recado, e tanto a sétima quanto a nona arte deixariam de ser as mesmas a partir de então.


Quanto vale: Um Ingresso e meio.

Homem-Aranha 2
(Spider-man 2)
Direção: Sam Raimi
Duração: 128 minutos
Ano de produção: 2004
Gênero: Aventura/Ação



quarta-feira, 4 de julho de 2012

HOMEM-ARANHA (2002)


Em 2002, tanto o diretor Sam Raimi quanto o cinema de quadrinhos eram muito mais lembrados por obras toscas.
A diferença é que Raimi fez seus trashmovies se tornarem cultmovies, e a cinessérie “Evil Dead” ainda hoje é um exagero de estilo e imaginação que exemplifica isso muito bem.
Quem sabe tenha sido esse o motivo da contratação dele para a adaptação ao cinema do popular Homem-Aranha, pois, se não parecia possível que um filme de HQ fosse algo além de um sub-filme, nada melhor do que ter um especialista em transformar algo potencialmente ridículo em algo memorável.

E convenhamos, até aquele ponto pensar em um herói vestindo roupa colorida pra caçar bandidos nas horas de folga era pelo menos ridículo.
E não adianta mencionar o Superman de Richard Donner, quando quase tudo que veio a seguir (inclusive do escoteiro de Krypton) era equivocado e fiasquento.
Ao menos, Raimi não parecia se importar muito com isso, e nem mesmo o bom resultado com X-Men – O Filme (2000) e a releitura dos uniformes dos mutantes pelo Bryan Singer, fariam ele desistir de representar o aracnídeo de maneira próxima ao que ele via nas HQs de sua coleção.

Essa maneira simples de encarar as coisas iria então permear o filme todo, traduzindo o conteúdo dos requadros no cotidiano de mediocridade do seu protagonista.
Filme de origem? Claro.
Porém, enquanto a temida trajetória do ser sob a máscara pode ser a ruína de cineasta cumprindo contrato pro seu ego se inflar com o nome no cartaz, o diretor de Homem-Aranha traz outros recursos do tempo em que seus trabalhos contabilizavam o orçamento em galões de sangue falso.


Em seu primeiro blockbuster, ele conta o drama de Peter Parker (Tobey Maguire) mantendo enfoque nas tragedias banais do dia-a-dia do nerd que é apaixonado pela guria da casa ao lado, sem conseguir conciliar a vida social com a vida estudantil, até que algo mude sua rotina de repente.
Então, dessa vez a missão do diretor seria conciliar drama, ação e humor, encarando o risco minuto a minuto de cair na pieguice, clichês, e insuportabilidade cinematográfica.
Mas pra quem conseguia um equilíbrio quase insano entre horror e humor, isso possivelmente não seria um grande desafio.
Ao redor de Parker orbitam tipos característicos: a garota mais popular, o amigo buscando aceitação paterna, o valentão do colégio... porém isso era parte da estrutura que aqui receberia um outro olhar, distanciando-se ao longo da metragem das comédias românticas adolescentes e dos arrasa-quarteirões histéricos em meio a explosões.

Há fatores que justificam a empatia quase instantânea que o personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko despertou em gerações de leitores, e Sam Raimi parece tê-los compreendido perfeitamente.
Não havia porque reinventar o protagonista para um novo público, afinal, ele sempre representou o que havia de atemporal na juventude.
Então, o tempo até que os embates com o vilão iniciem não é lamentado por ser infelizmente uma necessidade em um primeiro episódio de uma franquia, e sim saudado e lembrado por ter alguns dos melhores momentos do filme, sejam o aprendizado do uso das novas habilidades, ou a incapacidade de trocar duas palavras com a paixão platônica, salientando a atuação inspirada de Maguire, que faz com que isso pareça convincente ainda que envolto em uma aura de caricatura.

E desse modo, enquanto a plateia aproveita as agruras de Peter Parker às voltas com seus recém descobertos super-poderes, as quase tentativas de aproximação com sua musa Mary Jane (Kirsten Dunst), a construção da personalidade moldada em dualidade de Harry Osbourne (James Franco), a preocupação com a tia May (Rosemary Harris), ou o chefe hilariamente opressor J.J. Jameson (J.K. Simmons), o diretor arquiteta a melhor maneira de investir essa que é a maior quantia que ele já havia tido até a ocasião para fazer cinema.

É momento de um vilão surgir no caminho, e ainda que nem todos apreciem a versão hightech do Duende Verde idealizada para o filme, mesmo isso não invalida a competência com que o cineasta, juntamente com o ator Willem Dafoe tornaram o Norman Osbourne interpretado por ele um misto de pai ausente e inimigo mortal, em uma trama que usa a ausência familiar na condição de força motriz para ações e reações, lembrando que o próprio Peter tem na perda dos pais e do seu tio Ben (Cliff Robertson) elementos fundamentais para a decisão de ser um herói.


Os embates com o seu nêmesis serão a oportunidade de provar que isso vai além de retórica, e não há modo de ignorar o fato de que não apenas eles foram trazidos às telas com bons efeitos especiais com os quais o diretor enfim podia contar, mas também porque ele fez isso sem abrir mão de grande fidelidade aos quadrinhos, tanto na historia quanto no visual colorido e até nostálgico do personagem.
O gradual aprendizado do protagonista, e a dosagem adequada de ação em meio ao desenrolar do enredo fazem com que seja fácil acompanhar o longa-metragem até que a questão deixe de ser emprego ou amor ou luta contra o crime, e passe a ser vida ou morte.


Assim, sem que se perceba, o potencial videoclipe de duas horas cheio de efeitos especiais afasta-se do rótulo, ao desenvolver com competência seus personagens e roteiro, sem para isso ter que ser menos vertiginoso, divertido e pirotécnico.
E dessa forma, o filme de Sam Raimi resultou na despretensão de um ingresso para descontrair que se tornaria fenômeno da cultura pop e de bilheteria, e peça essencial para a retomada do cinema de HQs iniciada com Blade: O Caçador de Vampiros (1998) e X-Men – O Filme.
O Homem-Aranha foi criado para ser entretenimento puro, e nessa encarnação na sétima arte não foi menos do que isso.
Um excelente começo.


Quanto vale: Um Ingresso.

Homem-Aranha
(Spider-man)
Direção: Sam Raimi
Duração: 121 minutos
Ano de produção: 2002
Gênero: Aventura/Ação