Admito que considerei uma decisão inusitada a inclusão do longa-metragem “Uma Vida Iluminada” logo no primeiro dia do 1º CineArquivo.
O filme, que foi exibido após o curta-metragem “A Vingança do Arquivista”, foi visto com desconfiança também na ocasião do seu lançamento, mas por motivos diferentes.
Por parte do público em geral, a dúvida se referia à escolha do ator Elijah Wood, de interpretar um papel tão diferente do protagonista da franquia “Senhor dos Anéis”, além, é claro, do fato de essa obra ser a primeira vez em que o ator Liev Schreiber atuava na função de diretor de cinema.
Já a minha dúvida referia-se ao tema.
A escolha, no felizmente, foi devidamente justificada.
A história do colecionador judeu Jonathan (ou “Jonfen”, assista o filme pra entender) é mostrada a partir de um road movie que revela, além do passado do protagonista, contundentes informações a respeito das pessoas que o acompanham nessa jornada de busca de seu passado.
E é esse o fio condutor do enredo, mas isso não surge tão evidente logo de início.
Com uma edição rápida, diálogos envolventes e divertidos, o diretor Schreiber apresenta os exóticos personagens, e antes que se perceba, já é impossível atribuir ao filme o rótulo de “drama”.
A construção narrativa muda gradativamente e logo a carga dramática está presente, remexendo nas lembranças de quem viu a guerra devastar vidas.
Por meio do uso freqüente de metáforas, o roteiro é um espetáculo de possibilidades que o diretor não hesita em compartilhar com o público, não apenas através da atuação do ótimo elenco, mas também com o auxílio da deslumbrante direção de fotografia de Matthew Libatique, que apresenta de maneira esplêndida a bela paisagem da Ucrânia pela qual viajam os personagens.
Mais do que uma tour de redescoberta do passado, “Uma Vida Iluminada” é uma história de reconstrução.
Afinal, a memória, mais do que uma coleção de eventos selecionados que optamos por lembrar de vez em quando, é mostrada como uma forma de perpetuar a existência, um recurso para burlar a morte e o tempo.
No fim das contas, o filme fala sobre o que tentamos esquecer, sobre o que preferimos não lembrar que a humanidade cometeu, e de nossa responsabilidade na tarefa de manter o passado vivo para que velhos erros não se repitam.
Quanto vale:
Uma Vida Iluminada - Trailer Legendado
Uma Vida Iluminada
(Everything Is Illuminated)
Direção: Liev Schreiber
Duração: 100 minutos
Ano de produção: 2005
Gênero: Drama
3 comentários:
Interessante.
Vai para lista das pendências.
Curti.
Valeu Ibaldo!
Gostei da foto do Trabant (carro símbolo da Alemanha Oriental), que antes desprezado, hoje objeto de colecionador..
Deconhecia essa informação a respeito do carro.
Valeu pelos comentários.
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