Era
pra ter sido simples.
Uma
das séries em quadrinhos mais famosas de todos os tempos, com muita
ação e humor, e relativamente recente, ou seja, com apelo para o
público jovem que ainda reconheceria nos personagens e na história
algo pelo que valeria a pena ir ao cinema.
O
que seria complicado era o fato de que ultimamente a moda era tornar
os roteiros das adaptações mais realistas, algo que não se adequa
nem um pouco ao universo criado por
Akira Toriyama.
As
primeiras imagens do set demonstravam não apenas isso, mas também
um desinteresse em manter qualquer similaridade com a estética dos
quadrinhos.
No
filme isto é evidente, e o diretor James
Wong prefere lidar
simplesmente com a mera sugestão.
A
cor laranja aparece nas roupas, sugerindo as tradicionais vestimentas
utilizadas no mangá. Os nomes dos personagens permanecem, mas
visualmente em nada se assemelham às suas contrapartes nas HQs. E
até mesmo a Kame’s House,
aparece fundida ao ambiente urbano das grandes cidades comuns.
Aparentemente
o diretor Wong decidiu
nem ler a série ou assistir a animação de Dragon
Ball. Optou por apenas
folhear as páginas e selecionar os personagens que mais aparecem, e
usou o discurso pseudo-cult de “quisemos atualizar o mundo de
Dragon Ball, deixando mais
próximo de nossa realidade”.
Besteira.
Além
de desrespeitar a visão do autor da HQ, ignorou o interesse do
público, e decretou antes do lançamento do filme o seu fracasso.
Mas
ainda que as diferenças obliterem os elementos interessantes da
história, o início do filme não é necessariamente ruim. É
diferente, mas isto já era o esperado depois de conferir o péssimo
trailer.
Para
conseguir assistir o longa-metragem é necessário ter o mesmo
pensamento que Akira
Totiyama, o autor da HQ
afirmou possuir, ou seja: considerando esse um trabalho desvinculado
do que ele criou, uma versão.
É outra história com o título
Dragon Ball,
com outros personagens que tem os mesmo nomes da série. E só.
Sendo
assim, a princípio é um razoável “sessão da tarde”, clichê,
bobo, e com cenas de ação minimamente adequadas. James
Wong filmou o que
frequentemente funciona pra não perder dinheiro, com uma mistura de
Spiderman,
Karate Kid,
e outros filmes com intenção de mostrar algum exemplo de
perseverança e alguma moral a transmitir.
Apesar
disso, existe a alteração da personalidade do protagonista Goku (Justin Chatwin), de um
herói exemplar, repleto de ingenuidade e dedicação obsessiva ao
seu objetivo, que é substituído por um loser
adolescente que se apaixona
pela guria do chefe dos valentões do colégio, e desse modo, pede
pra se incomodar.
Até
esse ponto, quase acidentalmente, o diretor não erra por completo,
nem acerta. A tal intenção de releitura é o que o impede de uma
defecação maior, afinal, ser diferente do mangá sempre foi o
propósito da produção, e sendo assim, no objetivo equivocado ele
vai realizando o que lhe foi pedido.
É
apenas um resultado simplório e inofensivo, mas que não garantiria
seu lugar na primeira colocação do TOP 5 dos piores de 2009.
No
entanto, alguém deve ter dito que ele tinha qualquer capacidade de
filmar uma história séria, e
Wong acreditou.
Nas costas do vilão Piccolo (James Marsters) fica a responsabilidade de motivar o protagonista a ir em busca das esferas do Dragão, e assim, quando
tenta tornar a ação o centro da história é que Dragonball
Evolution torna-se um
vexame.
De
repente até os efeitos especiais, tão costumeiramente bem
realizados mesmo nos mais lamentáveis exemplares da sétima arte,
são feitos pra provocar constrangimento e não para auxiliar as já
mal-coreografadas sequências de luta.
E
quando, depois de uns 40 minutos de metragem, o próprio Toriyama
provavelmente já saiu da sala de cinema, o diretor Wong tenta desesperadamente corrigir seus erros, inserindo piadas cada
vez mais embaraçosas em meio ao seu decadente pretenso blockbuster
desgovernado em rota de colisão.
Ainda
por cima, as estrepolias do cineasta não terminam quando enfim
chegam os créditos finais, pois ele arquitetou a que é
possivelmente a mais constrangedora cena pós-créditos já vista na
Historia do cinema.
E então, não adianta nada ter Chow Yun-Fat interpretando o Mestre Kame.
Enquanto isso tudo se perde na imensidão de erros, ao elenco mal caracterizado resta a esperança de que essa nova megalo-franquia possa ser o passaporte para o primeiro escalão de Hollywood. Esperanças em vão de Emmy Rossum (Bulma), Jamie Chung (Chi-Chi), Joon Park (Yamcha), e Eriko Tamura (Mai), em suas caricatas atuações.
E se no caso deles a situação não é favorável, não há nada melhor a dizer da participação "especial" do veterano Ernie Hudson, que sai lucrando uns dólares pra pagar o aluguel e minutos de constrangimento, adicionando outro item absolutamente dispensável à sua filmografia.
Um
diretor que conseguiu receber uma potencial franquia pronta e já com
um público estabelecido, e transformá-la em uma abominação da
qual nem o mais masoquista fã poderia dizer que foi um filme
minimamente digno.
Esse é
um sinal claro de que James Wong
deve mudar de profissão.
Esperamos
que ele tenha percebido isso.
Quanto
vale: NEM meio ingresso.
Dragonball
Evolution
(Dragonball
Evolution)
Direção:
James Wong
Duração:
85 minutos
Ano
de Produção: 2009
Gênero:
Ação/Aventura
4 comentários:
Filmaço!!
HHhauhhuha!!!!
Na verdade até esse deve ser melhor.
http://4.bp.blogspot.com/_-BGEOuQvWa8/SKYmMlFpiSI/AAAAAAAAAUw/JXZMJHQGPr0/s200/dragon_ball_live-action-magic_begins.jpg
Ou esse:
http://www.dblegends.com/wp-content/uploads/2010/11/cover1.jpg
Mas falando muito sério, por mim a abordagem do filme deveria ter sido assim:
http://www.youtube.com/watch?v=8KTHAy9L24g
Incrível um Fanfilm conseguir o que Hollywood não chegou nem perto.
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