Quando eu incluí este filme na lista de filmes para ver em 2010 eu não fazia a menor ideia do que esperar.
Sem ter assistido nenhum trailer até então, permanecia uma incógnita a história ou visual que comporiam esse longa-metragem.
Mas com certeza o que garantiu sua presença na lista foi o fato de o diretor ser Martin Scorcese.
Frequentador assíduo entre os indicados ao Oscar, Scorcese tem em sua carreira um histórico de excelentes filmes, e uma forma muito própria de fazer cinema.
De imediato, “Ilha do Medo” nos mostra que trará essa linguagem peculiar ao longo do filme. É uma estética diferente, que cria uma atmosfera singular nas obras do diretor. A soma da ótima trilha sonora, com a direção de fotografia estilosa e a narrativa elegante da história, funciona adequadamente ao filme, que se enquadra ao gênero suspense, e nesse caso um suspense de verdade, não a recorrente apelação para esquartejamento e tripas da maioria dos filmes em cartaz nas locadoras.
Scorcese é um diretor à moda antiga, fazendo uso de trucagens de edição, trilha sonora de época, marcante e imponente, e exigindo do elenco carregar nas costas a maioria das cenas do filme, simplesmente com a atuação.
Tendo dito isso, não espere o Leonardo DiCaprio na função de galã que desvenda os crimes sem abalar a pose de herói hollywoodiano. A parceria do diretor e do ator nos últimos filmes mostra visível equilíbrio a cada novo trabalho, e dessa vez a atuação de DiCaprio é mais uma vez acima da média.
E se tratando de uma equipe tão diferenciada, a trama não poderia ser tão comum. Apesar de apresentar elementos na história por vezes comuns, a narrativa não deixa dúvidas de que estamos vendo uma obra pelo menos incomum nos cinemas de hoje em dia.
Versando a respeito da loucura, e possibilitando momentos de tensão bem orquestrados, “Shutter Island” parece realmente ter sido filmado nos anos 50, quando a história se desenvolve, mas não deixa que isso se manifeste na forma de uma construção fílmica defeituosa, muito pelo contrário.
A poesia visual é estabelecida nos devaneios do protagonista, sem o auxílio de um exagero CG, ficando a cargo da direção de fotografia e de algumas boas ideias caracterizar as cenas com o requinte necessário.
Tecnicamente perfeito, consegue prender a atenção mesmo sem contar com ação ininterrupta, ou mesmo um roteiro inovador, optando pelo desenvolvimento de um enredo interessante, repleto de bons diálogos, apresentando um olhar sobre a insanidade em um enredo simples, mas com certeza não convencional.
Pode ser realmente decepcionante para quem for esperando assistir mais uma produção cinematográfica genérica em que o objetivo é enganar o espectador por duas horas de metragem para simplesmente revelar um mistério nos minutos finais, tentando justificar o pretenso suspense apresentado.
A visão de Scorcese é bem diferente disso, e mesmo que tenha um mistério a ser revelado, este não existe meramente com fins de entretenimento. Trata-se de um recurso para que um questionamento seja apresentado. Algo que uma frase no fim do filme torna claro, permitindo uma diferente leitura da obra quando a sessão chega ao fim.
Infelizmente, por mais que existam qualidades no filme, há com certeza uma intenção desnecessária em se enquadrar em um padrão aceitável ao público. Ainda que isso seja compreensível, devido ao fato de que um grande estúdio prefere investir em um filme que garanta retorno financeiro, esse interesse acaba prejudicando o andamento de um longa-metragem com um potencial não explorado em sua totalidade.
Resumindo, mesmo não sendo o melhor filme que Martin Scorcese já dirigiu, vale um ingresso, sem dúvida.
3 comentários:
Em relãção a "Ilha do Medo" eu só vejo críticas positivas. Ainda não assisti.
Falando em Di Caprio, estou curioso em relação ao "Inception", dirigido por Christopher Nolan.
HUmm... interessante, mais uma vez, vi que fiz cagada em ter perdido de ir no cinema assistir Ilha do Medo.
=/
Fuck!
Mas valeu o post!
Mais um para lista...
Filmes do Scorcese geralmente valem um ingresso.
Esse não foge à regra.
Valeu pelos comentários.
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