Chega a ser engraçado observar o contraste entre o cinema de ação que predominava no topo das bilheterias há umas duas ou três décadas e o que está fazendo sucesso nas telonas hoje em dia.
Definir qual é a melhor forma de contar as histórias de pirotecnia, com certeza é algo extremamente complexo e relativo.
Enquanto atualmente os efeitos CG que muitas vezes substituem cenários, explosões e até atores são o recurso mais utilizado, há um tempo atrás as coisas eram resolvidas com alguns galões de gasolina e uns litros de sangue falso.
Sylvester Stallone, ator que ficou conhecido exatamente por estrelar alguns dos mais icônicos exemplares do segundo exemplo, insistiu em não se restringir ao sucesso obtido no passado, e com isso vem filmando insistentemente na contramão do que Hollywood definiu como o futuro dos blockbusters.
Em seus três últimos filmes fica evidente o interesse de Stallone em manter-se fiel ao seu estilo cinematográfico tradicional, tentando convencer o público atual a se interessar pelas suas produções.
Quando ele convocou o elenco de seu mais recente filme, parecia que mais do que isso ele havia decidido voltar no tempo, e mais do que filmar no estilo dos anos 80, tornar seu longa-metragem um retrato dos movies deste período.
E o enredo não passa disso.
Mas ninguém imaginou que haveria algo a mais além do que há na sinopse do filme.
Alguém comete algum crime, ou é um líder tirano ou mata algum amigo dos protagonistas... Não importa.
A única certeza é que esse cara merece morrer, e é missão dos “heróis” garantir isso do jeito mais espalhafatoso possível destruindo todo edifício ou veículo, ou capanga que estiver por perto.
Então surgem em cena os tais mercenários.
Se o cara era o brutamontes falastrão, ele será apenas isso no filme, e se o cara é menor do que os outros, haverão muitas piadas com relação a isso.
Desse modo, cada intervalo entre as cenas de pancadaria serve de alívio cômico não deixando a plateia achar que o enredo está tentando se levar a sério demais.
Os quase inexistentes diálogos são proferidos com o mínimo de capacidade que a trupe de canastrões possui.
Dentre eles, Stallone, Jason Sthatam, e Jet Li são os que parecem mais confortáveis com a encarnação de renegados oitentistas, se bem que na hora da pirotecnia e espancamento várias vezes praticamente não é possível distinguir quem é quem.
Dentre eles, Stallone, Jason Sthatam, e Jet Li são os que parecem mais confortáveis com a encarnação de renegados oitentistas, se bem que na hora da pirotecnia e espancamento várias vezes praticamente não é possível distinguir quem é quem.
Planos fechados em ambientes escuros tornam tudo absurdamente dinâmico e confuso, e isso deixa menos interessante o que era pra ser “quem será que venceria numa luta entre fulano e beltrano?”. No fim das contas, os embates desenfreados e descerebrados ficam divertidos pelo exagero, e de maneira alguma parece que o diretor ousou que fosse diferente.
Fica evidente que “Expendables” é uma continuação do estilo de filmagem empregado em “Rambo IV”, acéfalo e de violência extremada, porém nessa nova tentativa com um resultado bem melhor.
Pra quem assistiu os “clássicos” que tornaram esses atores famosos há décadas, “Mercenários” pode ser um tempo razoavelmente bem investido, o que não pode ser dito de quem não acompanhou esta cinematografia repleta de caóticas lutas cujo motivo não importava.
Se bem que o célebre diálogo entre Stallone, Schwarzenegger, e Bruce Willis é com certeza um dos momentos mais hilários que o cinema poderá lhe proporcionar em 2010, e isso dificilmente irá depender da sua experiência prévia enquanto espectador da sétima arte.
No entanto, este acerto de poucos minutos não torna o longa-metragem algo que possa ser considerado um ingresso bem investido. O pouco de diversão que ele pode oferecer vai existir ainda quando for lançado em DVD, e não vai custar nada esperar até lá pra ver na TV.
Aguardemos pra ver se “Mercenários 2” valerá meio ingresso, porque esse não valeu nem isso.
Quanto vale: Nem meio ingresso.
Confira a Videocrítica do filme.
Confira a Videocrítica do filme.
Mercenários
(Expendables)
Direção: Sylvester Stallone
Duração: 103 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Ação
3 comentários:
Esse é o tipo de filme que já nasceu com cara de "Tela Quente".
Rapaiz, o cara que fez pelo menos um grande filme e do raros filmes que apelam a sensibilidade masculina, que é Rock, O Lutador. Isto o coloca ao lado de Sérgio Leone, Clint Estwwod, Kevin Costner, etc.
Também conseguiu fazer um filme de açõa, com mensagem genuinamente pacifista, que foi outro belo filme: Rambo (I)! ...Antes de estragar tudo - sempre com muita competência - com as tétricas sequencias.
Concordo com os comentários.
E o objetivo do Stallone parecia ser exatamente criar um filme a ser assistido de maneira despretensiosa mesmo.
E a respeito dos filmes anteriores dele, obviamente ele acertou em cheio ao conduzir a trama de seus dois personagens mais importantes, ao menos no primeiro filme de cada um.
Porém, enquanto a franquia do personagem "Rambo" nunca mais demonstrou sinais de atividade cerebral, a cinessérie do "Rocky Balboa" manteve certa integridade na maioria dos filmes, especialmente no derradeiro filme, que se aproxima muito da densidade do roteiro e da personalidade do personagem no primeiro filme.
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