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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

HOTARU NO HAKA (1988)

Já faz mais de uma década que eu assisto animes. Os desenhos animados japoneses foram responsáveis por me mostrar as possibilidades de inserir complexidade e seriedade a essa forma de arte.
E afinal, o que tem surgido de novo?!
Na grande maioria das animações que chegam ao Brasil o que chama a atenção é a qualidade estética, os efeitos em CG e a presença de astros de Hollywood dublando os personagens. Personagens que há bastante tempo são “bichinhos fofinhos”, servindo como adereço a filmes visando um público infantil.
O resultado é uma grande quantidade de filmes dispensáveis, e algumas poucas exceções que realmente merecem ser vistas.
Mas por que, afinal, eu digo isso?
Simplesmente porque a crítica abaixo se refere a um longa-metragem de animação exemplar, capaz de elevar o cinema de
animação a outro nível.


Hotaru no Haka
(Grave of the Fireflies/Túmulo dos Vagalumes)
Direção: Isao Takahata
Ano: 1988








No fim da 2ª Guerra Mundial, o caos, a fome e a perda ensinam duras lições a duas crianças que tentam sobreviver sozinhas quando a mãe de ambos é morta devido ao bombardeio aéreo.
Não muito diferente disso, já vimos vários filmes em live-action que objetivam emocionar mostrando os horrores da guerra, e que no entanto arrancam apenas bocejos dos espectadores.


Bom. Grave of the Fireflies é um caso raro em que a receita funciona. Isso principalmente por não apresentar a mensagem anti-guerra de maneira gratuita, e sim como uma conseqüência do que é mostrado ao longo da projeção.
Com uma narrativa cadenciada, personagens plausíveis, visual competente e nenhum interesse em cenas de ação, o enredo é capaz de criar um envolvimento surpreendente entre o público e os dois irmãos, em sua jornada repleta de esperança, apesar do inevitável fim trágico.
O diretor Isao Takahata não desperdiça cenas e prossegue quase sem desvios rumo a um desfecho tão simples quanto emocionante.
Uma das razões pelas quais eu gosto de cinema é a possibilidade de ser surpreendido por pequenas obras primas que surgem de tempos em tempos. Grave of the Fireflies é uma dessas memoráveis surpresas.
Especialmente chocante para quem pensa que na guerra não morrem pessoas, ou seja, para quem acredita que são apenas números nos livros de história.
A visita ao Túmulo dos Vagalumes deixa um melancólico sabor amargo, e questões que talvez nunca sejam respondidas.


Quanto vale:



1 comentários:

Fabrício disse...

Muito o comentário! E o filme é "de chorar no cantinho" literalmente!