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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

KICK-ASS: QUEBRANDO TUDO (2010)


Complicado não fazer comparações.

Mas eu fiz questão de não avaliar o filme "Kick-Ass" pelas suas similaridades ou disparidades com a HQ de Mark Millar e John Romita Jr.. As diferenças são evidentes e óbvias, mas não nortearão a análise presente nesta crítica.



De início, o longa-metragem mostra que sua paleta de cores será distante do olhar sombrio que tem virado moda no cinema de HQs.

O protagonista emerge nesse contexto apresentando seu cotidiano e a si mesmo. A jornada do nerd deslocado socialmente, e de pouca atitude só não se torna tão comum devido à linguagem que se adequa à censura 18 anos do filme.

Enquanto isso, o diretor Matthew Vaughn demonstra seu talento para escolha de transições e ângulos criativos de câmera.



Aos poucos, à medida que outros personagens se integram ao ambiente do herói que constantemente apanha, Vaughn comprova também que entende de cenas de ação, bem coreografadas, porém não tão violentas quanto a censura sugere.

No que se refere ao elenco, a maioria pende para o caricato, porém destacam-se Nicholas Cage (o herói Big Daddy), aproveitando a chance de mais uma vez ser um personagem de HQs, e principalmente a surpreendente Chloë Moretz (HitGirl), que além das melhores sequências de ação esbanja carisma e presença cênica, roubando a atenção sempre.
É notório esse destaque mesmo quando ela contracena com o protagonista, interpretado por Aaron Johnson.



Muito do que diminui a importância que Kick-Ass deveria ter na história deve-se ao fato de que, enquanto os outros heróis são repletos de aspectos interessantes inseridos ao longo do roteiro, e são reflexos viscerais da violência midiática atual, ele próprio (apesar das informações apresentadas no princípio da metragem) é só um herói qualquer

 


Do jeito que Vaughn conta a história, Kick-Ass deveria ser um coadjuvante, pois se ele achou que um jovem que combate o crime, encarando os problemas cotidianos e tentando lidar com questões como a fama e dificuldades amorosas era algo original, provavelmente não foi informado que um personagem chamado “Homem-Aranha” já migrou para o cinema um tempo atrás.

À medida que o enredo se desenvolve, Vaughn vai desperdiçando chance após outra de aproveitar as boas cenas e piadas do filme no objetivo de criar um produto final coerente.





E de repente, diante de um desenrolar tão absurdo, parece que o diretor diz: “Ah, que se ferre! Vamos filmar qualquer bobagem pro final”.

Desse modo, o que poderia ser um novo ícone quadrinhístico no cinema acaba sendo somente um divertido e visualmente bem feito filme redundante, e aquém do impacto e expectativa que sua premissa criou.

Quanto vale:



Kick-Ass, Quebrando Tudo
(Kick-Ass)
Diretor: Matthew Vaughn
Duração: 117 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Ação

1 comentários:

Marcel Jacques disse...

Acho que, pela primeira vez, concordo 100% com uma crítica tua.