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sábado, 5 de fevereiro de 2011

MONSTERS (2010)


Este filme provavelmente confundiu o público.
O cinema vive um momento em que produções de baixo orçamento, e suposta baixa qualidade técnica servem ao propósito de lucrar algumas dezenas ou centenas de vezes mais do que o valor investido em sua realização.
Em épocas de “Atividade Paranormal”, e “Cloverfield”, seguir esta estética e forma é uma ideia interessante.
O que “Monsters” provavelmente provocou foi a comparação com “Cloverfield”, e esse é com certeza o pior equívoco que poderia ser cometido por quem busca apreciar este filme.

Os minutos iniciais confirmam o engano.
A ação muito bem filmada, com o estilo “câmera de mão”, apenas reforça a impressão de que será um baita filme de ação.
A seguir, enquanto a ambientação acontece, apresentando o contexto e os personagens, para o público pode parecer que é a preparação para a pirotecnia, mas isto não acontece.
E isto somente porque nunca foi objetivo do diretor Gareth Edwards que o longa-metragem seguisse esta abordagem.
Nos minutos seguintes, quem compreender que a história não se desenrolará repleta de embates entre os humanos e a criaturas provavelmente perceberá o ponto nevrálgico da questão trazido a tona pelo diretor.
Caso contrário, será uma jornada entediante.

Considerando a primeira hipótese, a observância do transcorrer das cenas me lembrou especialmente a ótima HQ “DMZ”. E isso se deve principalmente ao protagonista, um repórter que aprende muito sobre o seu papel diante do contexto de guerra que lhe é apresentado.
Assemelhando-se a um documentário em área de conflito, a paranóia é uma constante, com a pouca informação disponível servindo não apenas para confundir mais as coisas, quanto para manter a população inerte devido ao medo.
A paisagem desolada logo se torna o mais comum dos cenários, e em meio a relatos de habitantes da região a trama adquire contornos que a aproximam do realismo extremo, e isso sem perder o foco nos dois personagens principais.


Essa era com certeza a melhor alternativa, pois mantém a aproximação com o espectador, e também diminui os custos da produção ao deixar os alienígenas em segundo plano.
Porém, vale ressaltar que as criaturas antagonistas do exército americano aparecem em cena, e isso com auxílio de competentes efeitos especiais, não devendo nada a grandes produções hollywoodianas.
No entanto, são apenas meios para um fim.


Enquanto a travessia pelo território devastado prossegue, uma contundente crítica política vai sendo delineada, e é impossível não lembrar da recente invasão estadunidense ao Iraque, ao vislumbrar o ataque ao que é diferente, ocupando um território estrangeiro com o discurso de proteção.
E as boas ideias do filme se estendem até a sequência final, quando o diretor compensa a quase inexistência de ação do filme com um inesperado momento de intensidade, cujo impacto serve para ressaltar o viés crítico da obra, e esclarecendo definitivamente ao público, que os monstros da história são outros.


Quanto vale: um ingresso com louvor.

Monsters
(Monsters)
Direção: Gareth Edwards
Duração: 94 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Drama / Ficção científica

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu também gostei desse filme e é bem como tu falaste, uma ideia com uma história aparentemente também simples, porém bem filmada e produzida.

Valeu pela resenha.

Marcel Ibaldo disse...

Obteve destaque na mídia especializada principalmente por isso.
Mas no fim das contas, nunca foi um filme pra ser um blockbuster.

Guilherme Hollweg disse...

Filmaço. Sem dúvida nenhuma.
Tanto a bela filmagem, quanto a construção psicológica dos personagens, além das grandiosas metáforas em relação ao poder Estadunidense são muito boas.

Mais um para a lista dos filmes para ter na estante.

Bela análise.

Marcel Ibaldo disse...

Concordo.
A abordagem é o ponto forte, em uma história realmente fora dos padrões da Hollywood atual, ao tratar de temas semelhantes ao do filme "Monsters".
Valeu pelos comentários.