O terceiro filme do ciclo de cinema "A Nova Cara da Animação", "O Homem Duplo"(A Scanner Darkly, 2006), buscou um recurso cinematográfico relativamente antigo, mas que há muito merecia notoriedade.
A rotoscopia foi o meio utilizado pelo diretor Richard Linklater na transição do livro de Philip K. Dick (o mesmo autor dos livros que deram origem aos filmes "Blade Runner", 1982, "O Vingador do Futuro", 1990, "Minority Report", 2002, entre outros) para outra mídia.
No ciclo de cinema, eu fui o responsável pelos comentários referentes a esse longa-metragem que repete o uso da técnica empregada em "Waking Life"(2001), do mesmo diretor, porém com um acabamento estético diferenciado.

Apesar de não manter o mesmo clima de tensão do livro, a escolha da rotoscopia permite um olhar único na história que mistura ficção científica, suspense policial, e drama, de maneira exemplar.
Também favorece o êxito da adaptação o ótimo elenco, composto por Keanu Reeves, Winona Ryder, Robert Downey Jr., Woody Harrelson, e Rory Cochrane, que interpretam o grupo de amigos que passa os dias "viajando" sob o efeito da "substância D" (Death = Morte), a droga do momento em uma sociedade futurista em que o governo americano perdeu a luta contra o tráfico.

É um vislumbre de uma realidade que muitos consideram conveniente ignorar, e que adquire novas e vibrantes cores na releitura de Linklater.
Parece um desenho animado, mas é na verdade uma grande oportunidade de burlar a visão preconceituosa sobre um problema social tão alarmante em nosso país.
"Essa foi a história de pessoas que foram punidas pelo que fizeram.(...)foram amigos que eu tive. Eles permanecem em minha mente e o inimigo nunca será perdoado.(...)
O abuso de drogas não é uma doença: é uma decisão, como a decisão de sair da frente de um carro em movimento"
(Philip K. Dick)
Quanto vale:
O Homem Duplo
(A Scanner Darkly)
Diretor: Richard Linklater
Duração: 100 minutos
Ano de Produção: 2006
Gênero: Policial/Ficção Científica/Drama
2 comentários:
Esse é mais um filme que mostra que existe vida inteligente na ficção-científica. Vale lembrar também que o escritor Phillip K. Dick, autor da obra que baseou esse filme, permeava a maioria dos seus livros com histórias que misturavam ilusão e realidade. Vale a pena ler "Do androis dream of electris sheep", obra que inspirou Blade Runner
Valeu pela sugestão de leitura, Fernando.
O livro tá na lista a partir de agora.
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