Eu nunca tinha ouvido falar nesse filme.
É uma daquelas vezes em que parece haver uma alienação propagada pelos sites e programas especializados em cinema, que investem na divulgação do que Hollywood mais gastou pra produzir, ignorando todo o resto, até que um dia seja refilmado nos EUA.
Felizmente existe a Internet.
Já nos primeiros minutos, “Pontypool” (2008) soa inusitado, peculiar. Uma narração explica uma coincidência aparentemente sem propósito, relacionando o nome da cidade que intitula o filme a outros eventos até que uma nevasca toma conta da tela.
O longa-metragem canadense, do diretor Bruce McDonald parece tudo aquilo que Hollywood odeia. O roteiro é o principal elemento, e associado à atuação do elenco provoca uma imersão na trama por meio da sugestão, ao invés de exibir o óbvio. O suspense gerado pelas poucas informações noticiadas pelo programa de rádio que é apresentado ao longo do filme parece ter tido inspiração em uma das mais notórias histórias do gênio Orson Welles.
Mas afinal, sobre o que é esse filme?
Uma análise superficial permitiria resumi-lo em apenas uma linha, mas isso seria desmerecer sua complexidade.
Prefiro dizer que “Pontypool” é uma obra de arte que utiliza uma história de infestação zumbi como forma de transmissão de uma forte crítica aos meios de comunicação de massa, e à sua freqüente ausência de responsabilidade utilizada meticulosamente visando maiores índices de audiência.
É um olhar diferenciado que nos faz questionar a influência do que (e de que modo) a mídia nos transmite as notícias que interferirão no rumo de nossas vidas.
E é de surpreender o quão apavorante pode ser a falta de informação, em uma época em que qualquer evento pode estar ao nosso alcance um instante depois de ter ocorrido.
Com o desenrolar do enredo, logo surgem toques quase subversivos, uma desconstrução de “valores” convencionados por uma sociedade que vê na guerra a solução para os problemas de convivência com nações vizinhas, e que considera justificado sacrificar os próprios filhos em nome da manutenção do status quo.
Somando tudo isso (e alguns outros aspectos que eu não mencionei pra evitar spoilers), esse é talvez o exemplar mais assustador do gênero que eu já tive a oportunidade de assistir.
Seguindo a tendência dos bons recentes exemplos de histórias sobre zumbis, nos lembra que a monstruosidade presente na trama já fazia parte do ser humano, antes mesmo de qualquer vazamento de gás tóxico, liberação de vírus no ar, ou o que for, esperando apenas um motivo pra ser posta em prática.
“Pontypool” é um filme revolucionário que já nasceu cult, e vale plenamente dois ingressos.
É isso.
Pontypool
(Pontypool)
Direção: Bruce McDonald
Duração: 95 minutos
Ano de Produção: 2009
Gênero: Terror
Pontypool
(Pontypool)
Direção: Bruce McDonald
Duração: 95 minutos
Ano de Produção: 2009
Gênero: Terror
4 comentários:
Esse filme vai para minha coleção de "filmes-que-ative-sorte-de-descobrir-lendo-resenha-na-internet".
Valeu pela dica.
Didica:
sempre que tu colocar resenhas e/ou críticas de filmes, coloca uma ficha com título, direção, atores, ano de produção...
Ma também se não quiser...:p
Fernando, pior que sem a tal da internet muito filme legal nem ia ser conhecido. Enquanto isso, qualquer porcaria feita por um grande estúdio americano acaba aparecendo nos cinemas brasileiros.
Valeu pela sugestão Jacques.
A mudança sugerida foi devidamente posta em prática.
Curti. Vai para lista dos filmes que devo para mim mesmo assistir.
hehee
Valeu Ibaldo!
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