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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O ÚLTIMO MESTRE DO AR (2010)


Em 1999 surgia um novo grande cineasta no mainstream de Hollywood.
Pelo menos era o que todos pensavam ao assistir “O Sexto Sentido”.
M. Night Shyamalan escreveu, produziu e dirigiu o filme que faturou alto nas bilheterias, além da aprovação de público e crítica.
Porém, alguns filmes depois, o promissor diretor viu sua carreira desabar.
A chance de restaurar a ordem natural das coisas seria a adaptação de uma famosa série de animação.
Originalmente “Avatar”, o desenho animado da Nickelodeon tornou-se “O Último Mestre do Ar” em sua versão para o cinema, devido ao filme de James Cameron.

Por ser um filme de efeitos especiais voltado ao público infanto-juvenil não parecia que seria complicado emplacar um sucesso novamente.
Mas o diferencial e fator problemático era o próprio Shyamalan.
Sendo ele novamente responsável pela direção, produção e roteiro, não poderia ser simplesmente um filme família.
Dessa forma, o comum filme de ação transformou-se em um retrato da busca de redescoberta do cinema de Shyamalan. As pouco menos de duas horas de metragem parecem representar um reflexo da jornada do diretor tentando se adaptar ao que Hollywood e o público esperam em seus trabalhos, sem perder as características autorais tão marcantes em sua filmografia.
Mas o início do filme não ajuda nisso.

Similar a um diretor inexperiente, ele conduz as cenas de maneira óbvia e apressada, não sabendo apresentar os personagens visando o envolvimento da plateia com eles.
As sequências de ação decepcionantes e as piadas mal empregadas prejudicam ainda mais o que era para ser a volta triunfal do cineasta.
Diante de um começo tão ruim não parece haver meios de este ser um bom filme, porém o longa-metragem melhora quase repentinamente.
Com a presença de novos personagens, a técnica de dominação da água e as cenas de ação que este novo recurso permite, a história prossegue com mais desenvoltura e recupera o interesse do público, e nesse contexto, a participação do anti-herói interpretado por Dev Patel começa a ser fator decisivo.
Enquanto isso, a trama envolvendo a guerra entre os reinos vai sendo desenvolvida e adquirindo contornos épicos além da expectativa inicial.
Aos poucos o filme torna-se um adequado entretenimento, e mesmo que ainda haja elementos comuns em blockbusters, o conteúdo lidando com misticismo garante um diferencial temático diferenciado e interessante.
E quando parece que o cineasta chegou ao seu limite fazendo tudo o que estava ao seu alcance para consertar o princípio do filme, os elementos que vinham sendo mais ou menos, ou mal aproveitados passam a funcionar.

Até mesmo a carga dramática e a ação de altíssimo nível que ele constrói no decorrer da aventura com ares de Sessão da Tarde chegam a um perfeito equilíbrio com a ingenuidade necessária ao longa-metragem devido ao público o qual acompanhou a série.
Com perícia e estilo ele orquestra algumas das melhores cenas de pirotecnia e luta no cinema em 2010, e à medida que a história se encaminha para o seu desfecho, “O Último Mestre do Ar” já está consolidado como uma das potenciais franquias que realmente vale a pena acompanhar dentre as que surgiram recentemente.
O estilo de ação por vezes oldschool que Shyamalan põe em prática, e que no começo não diz a que veio, demonstra ter encontrado sua forma de execução do meio para o fim do filme, que por ser tão bem realizado compensa o desenvolvimento arrastado presente nos minutos iniciais.


Apesar da experiência cinematográfica do diretor, trilhar por este novo gênero de cinema não foi algo fácil, e que exigiu um olhar crítico acerca de seu próprio trabalho.
Talvez as bilheterias ainda não reflitam positivamente esse primeiro passo no retorno de M. Night Shyamalan ao patamar de diretor de destaque em Hollywood.
Mas ao que tudo indica, isso é só uma questão de tempo.

Quanto vale: meio ingresso com louvor.


E confira aqui a VIDEOCRÍTICA do filme.

O Último Mestre do Ar
(The Last Airbender)
Direção: M. Night Shyamalan
Duração: 103 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Aventura

12 comentários:

Guilherme Hollweg disse...

Discordo.
Creio que apesar da má introdução dos personagens, e das piadas que não funcionavam (as quais penso que não podemos falar muito devido ao filme ter seu áudio dublado), não chegam a estragar a obra.

A filosofia, o desenrolar da história, a ação no momento certo, além da boa condução psicológica e carismática de Dev Patel e Noah Ringer fizeram do longa um bom filme.

Sem contar que a história é contagiante e extremamente divertida, os efeitos são incríveis e os slow motions tem seus times perfeitos.

Em minha mísera e singela opinião, o longa-metragem vale, ao mínimo, um ingresso bem pago.


Guiga Hollweg

Marcel Ibaldo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcel Ibaldo disse...

Interessante tua análise, Guiga.
Logo após assistir o filme tive o intuito de deixar a nota em um ingresso, mesmo.
Porém ao relembrar o fato de que, de tão entediante o começo do filme me pareceu eu pensei em sair da sala de cinema, considerei justo deixar a nota em meio ingresso.
O que não desmerece o trabalho de Shyamalan. Conforme ficou claro na crítica do filme, acredito que este seja um período de transição para o diretor, e tenho certeza que ele irá realizar um trabalho melhor comprovando sua evolução no próximo filme da franquia, caso seja dirigido por ele.
Apesar do que possa parecer, meio ingresso é uma avaliação bastante positiva, e considero "O Último Mestre do Ar" um bom filme.

Valeu pelo comentário.

Anônimo disse...

Não é esse o filme que iria se chamar "Avatar", mas por motivos óbvios, que a gente bem sabe, tiveram que alterar o título?

Guilherme Hollweg disse...

Exatamente Fernando.

Devido aquele lixo de filme do James
Cameron, de nome Avatar, Shyamalan teve que modificar o título da adaptação do anime Avatar, da Nickelodeon, para The Last Airbender, porque o nome artístico já estava com direitos reservados para James Cameron.

Fabrício disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabrício disse...

Rapaiz, acho que esse tal de "padrão hollywoodiano, mas com algo a mais" já é o novo padrão hollywoodiano no século 21 e que somente filmes abaixo da cr´tica como o Comandos em ação mantém o antigo padrão hollywwodiano de filmes de ação. De um modo ou de outro todos se apóiam em filosofia barata ou apresentam um "nova" abordagem.Desde Matrix até os Mercenários.E, afinal, o que deve importar é o genuíno entretenimento que pode proporcionar.

Sabes que uma das melhores coisas da dublagem e "traduções mal feitas" é que me permitem "entender" 95% das piadinhas dos filmes e algumas vezes achar graça? O senhor Herbert Richards eo pessoal da Fox Filmes do Brasil sempre se puxaram nesse sentido.O mal é que 90% das piadas do senso de humor norte americano é sem graça mesmo.

Guilherme Hollweg disse...

"Bício, O Excêntrico."

Cara, muito massa ver os pontos de vista do Bício. Ele quase sempre vai contra o que agente fala, mas ele tem argumentos para tais premissas.

Legal mesmo, discordo Bício, mas realmente muito bom teu argumento.

Anônimo disse...

Quando o assunto é humor, norte-americano é que nem brasileiro, quando quer fazer humor inteligente consegue com louvor, mas quando quer fazer porcaria, consegue com mais louvor ainda.

Atualmente a vida inteligente do humor norte-americano se encontra na TV (Simpsons, Big Bang Theory e etc...), já o cinema deles ainda perde tempo com piadinhas sobre pintos e peidos, tais como "Se beber não case" e outros filmes do gênero.

Guilherme Hollweg disse...

Matrix acho que foi um marco parao cinema Mundial, e tem muito mais a dizer do que apenas uma visão do mundo.

Em relação as piadas norte-americanas, infelizmente é verdade.
Bom comentário Fernando, até porque o humor inteligente concentra-se nos seriados de nerd.

O cinema continua abrangido essas piadas idiotas, mas, fazer o que... no frigir dos ovos, é o que a maior parte da população idolatra e ainda paga para ver...

Marcel Ibaldo disse...

Concordo com o comentário do Bício a respeito do tal "padrão hollywoodiano".
O público hoje tem mais acesso a informação, e facilidade de encontrar outras alternativas de entretenimento devido à internet.
Sendo assim, simplesmente continuar produzindo o mesmo tipo de filmes não seria o suficiente pra compensar o dinheiro investido.
Seja filosofia barata ou ideias originais, o cinema teve que agregar novos elementos, em algo que hoje tenta conciliar os efeitos especiais com algum tema diferencial, e assim manter-se uma forma de entreter o público que seja competitiva e rentável para seus realizadores.
Valeu pelos comentários.

Marcel Ibaldo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.