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segunda-feira, 20 de junho de 2011

X-MEN ORIGENS: WOLVERINE (2009)


Ninguém acreditava mesmo que a franchise X-Men havia chegado ao seu final.
Nem importava se os fãs tinham recebido de maneira não tão positiva o terceiro filme, e que mesmo com as pistas deixadas em “X-Men: O Confronto Final” não existisse uma perspectiva de continuação da trama de onde as coisas tinham terminado temporariamente.
De um modo ou de outro alguém pensaria em um jeito de arrecadar mais dinheiro com alguma nova produção envolvendo os personagens.
A primeira alternativa a surgir era das mais oportunistas e funcionais possíveis.
Semelhante ao que ocorre nos quadrinhos, quando um personagem se destaca em um determinado grupo, é chegada a hora de ele receber sua publicação própria, ou no caso, seu próprio filme.
Candidatos mais indicados?
Magneto, Mística, e Wolverine.
Dentre eles, o último mencionado acima foi o escolhido e a expectativa foi sendo elevada à medida que eram divulgadas fotos, descrição da trama, escalação de personagens, trailers, etc...
Nem mesmo a disponibilização de uma cópia do filme antes do tempo, desprovida da versão final de efeitos especiais, impossibilitou (apesar de que atrapalhou bastante) o sucesso comercial.

Ao astro e agora produtor Hugh Jackman, definir o diretor era escolher a quem entregar o personagem que o transformou em um dos mais importantes atores da atualidade.
Para ele era imprescindível que fosse não apenas um filme derivado, mas uma nova franquia nascendo desse universo mutante.
Maior ainda era a responsabilidade do diretor Gavin Hood, que após vencer o Oscar pelo ótimo “Infância Roubada” (2005) se arriscaria nesse teste diante de um personagem icônico em um investimento multimilionário, tentando agradar fãs, produtores, críticos, e todos aqueles que já viam com desconfiança a cinessérie após o que foi visto no último da trilogia X-Men.
O talento do cineasta era comprovado, e com a certeza de muita ação após o que foi conferido nos trailers, restava apenas deixar que ele caprichasse também nos personagens, algo que ele parecia saber muito bem, com base no que foi feito em seu oscarizado longa-metragem.

A aguardada transposição da origem de Wolverine é então mostrada desde uma importante sequência em sua infância, que rápida e competentemente transita entre outras épocas da vida do mutante.
O trabalho de Gavin Hood é tão impecável quanto empolgante, e todo o decorrer dessas etapas da vida do personagem vão sendo mostradas entre guerras consecutivas e de maneira ininterrupta, em um retrato breve e impressionante da participação de Logan nesses conflitos, sempre acompanhado de seu então único amigo, e futuro arquiinimigo.
Sem dúvida que é impossível imaginar outra pessoa interpretando Wolverine, e o entusiasmo do ator é notório, porém desde que surge na tela, o Dentes-de-Sabre interpretado por Liev Schrieber rouba a cena, sendo a representação plena da selvageria que lhe é exigida em seu papel, o que certamente contrasta com a atuação inexpressiva e equivocada de Tyler Mane em “X-Men: O Filme”.

E enquanto o carcaju interpretado por Jackman segue de certo modo a composição esperada de um protagonista rebelde, um tanto moldado para seguir um padrão, Liev Schrieber ignora qualquer convenção e é simplesmente visceral o máximo que consegue.
Além dos dois, logo no início o diretor apresenta outros coadjuvantes que deveriam ter bastante relevância.
É fato que, dentre eles apenas o Deadpool interpretado por Ryan Reynolds consegue se sobressair um pouco, pois dos demais resta a participação na função de capangas. Mas nada que estrague o começo da metragem.
A ação do Team X é na verdade um exemplo bem interessante do que é a política externa norte-americana, atirando primeiro e perguntando depois ou nunca.
Eram esses os planos de Gavin Hood caminhando de maneira muito eficiente.
No entanto, não era apenas ele que tomava as decisões no filme.

O Estúdio interferindo na produção foi algo bastante comentado antes do lançamento nos cinemas, e muito era questionado a respeito do quanto isso ia influenciar no fim das contas.
A resposta chegou mais ou menos do meio para o final do longa-metragem.
De repente, sem motivo aparente, parecia que haviam mudado o diretor responsável, e todas as boas ideias da parte inicial deram lugar a toda alternativa estúpida em que se podia pensar.
De mudanças ridículas na mitologia do protagonista à participação de mutantes que nada tinham a ver com a história nas HQs, passando pelo péssimo aproveitamento de coadjuvantes importantes, tais quais Gambit (Taylor Kitsch), que infelizmente, apesar da boa caracterização realizada, aparece quando o filme já está completamente fora dos eixos e rumando para um desfecho fiasquento e patético.


 Nem mesmo a aguardada pancadaria, tão interessante no vídeo de divulgação, ou mesmo o começo do filme, salvaram coisa nenhuma diante do que viria pela frente.

Até porque, personagem após personagem o roteiro vai acabando com qualquer chance de que os primeiros minutos não tenham sido uma ilusão a ser estilhaçada com diálogos sofríveis, enredo idiota, soluções estapafúrdias para o andamento da trama, e a desfiguração de qualquer esperança de que as quase duas horas acabem sendo algo diferente de um ingresso pessimamente investido.
Aparentemente, nada foi aprendido com tudo que foi feito desde a retomada do cinema de HQs, quando foram experimentadas as mais diferentes formas de adaptação da nona arte para a sétima arte, e que foi constatado o óbvio: ninguém quer ver um filme em que o público tem que adivinhar quem é quem em relação às histórias em quadrinhos devido à vontade de inovar deixando os heróis, vilões, etc... irreconhecíveis.
A prova maior disso é o Deadpool criado para o final decepcionante, mantendo apenas o nome de seu equivalente nas páginas da Marvel Comics, em uma das versões mais bizarras e hediondamente divergentes que qualquer cineasta poderia imaginar.


Absolutamente incoerente e desprovida de qualquer coisa que desperte o interesse, a segunda metade do filme deixa evidente o desespero em remendar uma produção que falhou ao ignorar o objetivo do diretor que deveria liderá-la em direção a um emblemático exemplar do bom cinema de adaptado dos quadrinhos.
“X-Men Origens: Wolverine” é um espetáculo de pretensão que nem a dedicação de Hugh Jackman ou a vontade de Gavin Hood puderam evitar fazer parte da Lista dos Piores de 2009.
Quem dera terminasse uma hora antes, mas não sendo assim, quem dera nunca tivesse sido feito.


Quanto vale: Nem Meio ingresso.

X-Men Origens: Wolverine
(X-Men Origins: Wolverine)
Direção: Gavin Hood
Duração: 107 minutos
Ano de produção: 2009
Gênero: Ação

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