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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

TOP 10 - Melhores HQs que eu li em 2010


E vamos aos relatórios de 2010.
De volta com as listagem de obras lidas e que valeram a pena, esta é a segunda edição dessa seção anual do blog (confira a primeira clicando aqui).
Novamente, os três primeiros são os melhores da lista, depois fica um tanto complicado, por isso não possuem numeração.
Mas dentre lidas e relidas, estas são as melhores que eu tive a oportunidade de conferir.

Confiram abaixo.


1 ÁREA DE SEGURANÇA: GORAZDE

Se a proximidade entre cinema e quadrinhos é tanta, porque não realizar um verdadeiro documentário em HQs?

Joe Sacco retrata a Guerra da Bósnia com humor negro e um detalhismo que beira a crueldade, sempre pelo ponto de vista dos que estavam escondidos em suas casas destruídas torcendo que as balas milagrosamente passassem longe deles.

A história são os depoimentos dos sobreviventes, e isso é algo que nenhum roteirista será capaz de igualar. E a arte é um exemplo de que ser underground não quer dizer desenhar toscamente.

Genial é pouco. E isso que dizem que essa nem é a melhor obra do autor.


2 O SONHADOR

Qualquer frase que mencione a palavra “gênio”, e ainda “histórias em quadrinhos”, dificilmente não estará se referindo a Will Eisner. Sua reinvenção dos limites da nona arte foi de tamanho impacto que mesmo autores mais recentes ainda encontram ideias para pequenas revoluções no mundo quadrinhístico.

A quase autobiográfica “O Sonhador” adiciona à soberba arte de Eisner uma visão da indústria de HQs pela perspectiva do próprio autor, que transmite com toda intensidade o contexto dos primórdios dessa forma de arte, com um resultado simplesmente fascinante.


3 PRETO & BRANCO

Deve ser difícil pros artistas contemporâneos desenvolver um roteiro. Afinal, parece que praticamente tudo já foi escrito e todas as formas de traço e estilos já utilizados de alguma forma nas HQs.

Imagine então realizar uma obra considerada revolucionária.

O autor Taiyo Matsumoto conseguiu isso ao ousar desenvolver uma fusão entre quadrinhos europeus e japoneses, em uma trama que transita entre as histórias policiais, crítica social, e um passeio psicodélico pela psique humana.

Se isso é difícil de imaginar dar certo em uma história, só demonstra o porquê de ter sido tão elogiada.
Absolutamente fora dos padrões.
 


STRAIN

HQ raríssima, da qual eu só encontrei uma parte (se alguém encontrar algum outro link me avise) e que tinha que ser ao menos legal, pois trata-se de mais uma colaboração do excelente desenhista Ryoichi Ikegami com um diferente roteirista.
A arte do desenhista Ikegami, voltada ao estilo do mangá realista chamado Gekigá, já pôde ser conferida no Brasil em algumas de suas obra publicadas recentemente, “Sanctuary”, e “Crying Freeman”, e só pra não perder o costume ele exerce sua função com a devida competência.

Enquanto isso, o roteirista Buronson trabalha de maneia primorosa a sua trama de máfia, extremamente estilosa e com personagens marcantes.
Com certeza viraria um baita filme se alguém apresentasse a HQ para o Martin Scorcese ler.
Mas ainda que isso não aconteça, é daquelas séries que vale a pena investir algumas horas procurando na internet.


JOHNNY CASH: UMA BIOGRAFIA

Depois de uma versão um tanto romanceada demais pro meu gosto, no filme dirigido por James Mangold em 2005, o ícone country ganha uma versão mais crua na quadrinhização do artista alemão Reinhard Kleist.

A história, adequadamente segue os tons obscuros da arte de Kleist, e persegue Johnny Cash ao longo dos fatos que o tornaram lenda da música e figura digna de tanta polêmica, capaz de rivalizar com a grandiosidade e representatividade de sua música.

A excelente versão publicada no Brasil pela Editora 8Inverso traz a certeza de que a obra é merecedora dos vários prêmios que recebeu, e de que o cantor recebeu uma biografia verdadeiramente à altura de sua importância.


KICK ASS

Pra falar a verdade eu não esperava tanta coisa dessa HQ.

Deveria ser diversão garantida, mas não muito além disso.

Porém, o que o workaholic Mark Millar fez foi uma homenagem a todos os leitores que investem seus trocados acompanhando os enredos criados por ele e outros roteiristas de quadrinhos. E isso escrito com o conhecimento de quem é um nerd de carteirinha, que frequentemente expressa em suas histórias a paixão pela nona arte.

Juntamente com um dos autores clássicos das HQs de super-heróis, John Romita Jr., revisitam o gênero mais famoso dos quadrinhos modernos de uma maneira nunca antes vista, brincando com seus clichês, em busca de uma forma particular de realismo, que mantém o bom humor e a extrema violência em equilíbrio.

E isso sem falar que o mero vislumbre da fortuna acumulada na maleta que garante o sustento de Big Daddy e Hit Girl, é um daqueles momentos que apenas um leitor de quadrinhos pode apreciar.


OLDBOY

Outra HQ absolutamente rara.

Tem gente que nem sequer sabe, mas o aclamado filme dirigido pelo sul-coreano Chan-Wook Park é adaptação deste mangá, com roteiro de Garon Tsuchiya e arte de Nobuaki Minegishi.

Lendo os quadrinhos, percebe-se que Chan-Wook Park foi bastante fiel ao texto original, afinal, estão presentes muitos elementos do visceral longa-metragem.

Bem realizado tanto em arte quanto roteiro, traz também a trama do cara que vai preso sem saber por que, e fica um baita tempo num quarto até ser libertado com o objetivo de vingança.

Se o filme foi premiado no Festival de Cannes e babaovizado por Quentin Tarantino, ler a HQ esclarece que muito do mérito deve-se também ao trabalho do autor Garon Tsuchiya.


OVERMAN

Fugir dos estereótipos e soluções fáceis parece ser um lema da carreira do Laerte.

Um dos personagens mais legais do mundo dos super-heróis que eu já li foi justamente o canastrão de roupa roxa que faz questão de ser tudo o que as editoras Marvel e DC jamais iriam imaginar fazer com algum de seus mais importantes super-combatentes do crime.

Overman é uma aula de HQ, um dos personagens mais icônicos dos quadrinhos nacionais, e leitura obrigatória, seja pra quem curte super-heróis, ou para quem os abomina.



GANTZ


Novamente na lista dos melhores, a série encaminha-se para o que só pode ser o seu desfecho. Se bem que, o clima de fim do mundo, e eu digo isso do modo mais literal possível, não é exatamente o fim do argumento do autor.

De um tempo pra cá os eventos na história têm ficado cada vez mais imprevisíveis.
Morte e vida, heroísmo e egoísmo são tão próximos que de uma página pra outra absolutamente qualquer coisa pode acontecer, e não importa se for um dos personagens favoritos do público, com o qual ninguém imaginaria que algo grotesco pudesse acontecer.
E isso que eu nem falei na arte visionária, que faz uso da técnica que é talvez a mais tecnológica já vista nos quadrinhos.

Leiam.


MARVELS 2: POR TRÁS DAS CÂMERAS

Era pra ser uma porcaria. Sendo fã da série original já tinha formado uma opinião de maneira errônea a respeito dessa nova investida na versão realista do universo Marvel que o roteirista Kurt Busiek trouxe nas páginas de Marvels em 1994.
Não fosse pelo fato do próprio Busiek estar responsável por essa nova história, talvez eu nem tivesse lido.
É verdade que não sendo Alex Ross o encarregado da arte dessa vez, a expectativa não é a mesma. Porém, o desenhista Jay Anacleto desempenha a função com competência, mesmo que não chegue a ser um destaque para a edição. É somente adequado.

Felizmente (ao menos até onde eu li até agora) Busiek compensa esse fator com um roteiro coeso e inteligente, respeitando a série original e acrescentando novas ideias.
Marvels II” é assim uma sequência digna do clássico que a antecedeu.

7 comentários:

Anônimo disse...

Dessas aí da lista a única que eu li foi a sensacional Kick Ass.

Fiquei curioso em relação a essa do Overman, já que o Laerte é genial e Overman é um dos seus grandes personagens.

Guilherme Hollweg disse...

Boa.

Concordo com alguns, mas lamento tu não teres lido outras grandes história de minha gibiteca particular.

Bela postagem.

Abração,


Guiga Hollweg

Marcel Ibaldo disse...

Tudo a seu tempo.
Certamente outras grandes obras quadrinhísticas estarão na listagem daqui a uns 365 dias.
Aguardemos.

Valeu pelos comentários.

E-mail: leonardolnm@yahoo.com.br disse...

Oi Marcel! Muito bom o seu trabalho!!

Cara, sou arquivista e tô fazendo mestrado em ciência da informação na UnB em brasília. Gostaria muito de ter acesso ao seu filme "a vingança do arquivista", pq tô fazendo umas pesquisas sobre arquivo e cinema.

Tem alguma forma de adquirir o seu filme???


Qualquer coisa meu e-mail é:

leonardolnm@yahoo.com.br

obrigado desde já.

Marcel Ibaldo disse...

Novidades a respeito do DVD de "A Vingança do Arquivista", em breve.
Aguardemos.

Marcel Jacques disse...

A mim, Marvels II "nasceu" como obra desnecessária. Mas também não quero esculaxar antes de ler.
Aguardemos.

Marcel Ibaldo disse...

Desnecessário era com certeza.
Mas se era pra fazer uma sequência, melhor sendo pelo roteirista da série original.
Não supera o clássico, mas é legal assim mesmo.