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quarta-feira, 9 de junho de 2010

HOMEM DE FERRO (2008)


Quando este filme estreou, o cinema de HQs encontrava-se em um período de transição.
Havia passado o frenesi inicial, e já não era o bastante produzir um longa-metragem tendo no cartaz uma frase semelhante a “adaptação de uma famosa série de Histórias em Quadrinhos”.
A receita pronta tinha sido explorada ao extremo, e alguns novos ícones surgiram, enquanto muitos outros fracassos caiam no esquecimento. A tal transição haveria de definir os rumos que as próximas adaptações iriam tomar.


Mais sério e sombrio, semelhante a X-Men ou Batman Begins, ou mais humorado e aventuresco, seguindo o exemplo do Spiderman?
Popular entre os fãs de HQs, o Iron Man era um semidesconhecido entre o público em geral. A missão do recém criado Marvel Studios era estabelecer seus personagens nas telonas de modo que o risco de investimento inicial fosse dirimido de maneira rápida e pouco prejudicial aos seus cofres.
Mas qual seria a abordagem adequada?

O diretor Jon Favreau era mais conhecido por sua carreira de ator, e por seu sucesso voltado ao público infantil, “Zathura” (2005).
De que forma contaria a história do ricaço Tony Stark que abandona o conforto de sua fortuna para combater o crime utilizando a armadura de combate por ele criada?

A escolha do ator que interpretaria o protagonista era a resposta a este questionamento.
Ao optar por Robert Downey Jr. para estrelar o filme, Favreau garantiu aos executivos da Marvel o melhor intérprete possível, e o pilar de sustentação para sua produção. Se todo o resto falhasse, ao menos Downey Jr. entregaria uma atuação convincente.
Mas o cineasta não contava apenas com essa carta na manga.


De estilo bastante visual, ele carrega as cenas com sua visão estética digna dos melhores videoclipes. A edição rápida e bem executada dita um ritmo de ação quase ininterrupta, conduzindo o espectador ao longo da metragem contando a história de origem como se o herói fosse antigo conhecido do público.
A empatia com a plateia é imediata.
Tony Stark é tão repleto de defeitos de caráter que é difícil não lhe atribuir alguma veracidade, praticamente como se ele fosse inspirado em algum político corrupto da atualidade. O ator constrói sua performance sem deixar dúvidas de que o Stark canalha é apenas uma representação de uma vasta gama de cafajestes que tomam o poder, ou o adquirem por herança, etc, e agem de modo egoísta atropelando quem estiver no caminho, sem olhar pra trás evitando assim qualquer remorso.

O elenco de apoio não chega a ter esse destaque, mas funciona razoavelmente.
Porém, em um filme desses, se a ação for legal, geralmente é o suficiente para oportunizar o êxito nas bilheterias.
E quanto a isso, não há o que reclamar. Os efeitos especiais são bem feitos, e atribuem uma ideia de densidade metálica muito convincente. A cada combate fica mais evidente o interesse do diretor em inserir no seu filme um ar de realismo no design que não o afastasse tanto da realidade.
Mas infelizmente essa tentativa de criar uma alegoria anti-belicista tropeça na exigência que um filme de alto orçamento possui. Lucro.

O roteiro é divertido, repleto de ação e ideias interessantes, mas o receio de que nem isso fosse o suficiente para recuperar o dinheiro investido obrigou a inclusão do erro mais recorrente do cinema hollywoodiano. É aquele raciocínio: “se já funcionou antes, deve funcionar de novo”, somado a “vamos simplificar, se complicar demais eles não vão entender”.

Sendo assim, a palavra da ordem é “clichês”, algo que é evidenciado especialmente pela luta final, contra um vilão que só não é menos plausível devido à origem nos quadrinhos, em que nem sempre é preciso fazer sentido pra ser aceito como algo convincente.




Aos poucos o potencial da obra vai sendo desperdiçado pela previsibilidade da história e soluções fáceis empregadas, que ajudam a tornar um potencial filme de HQ com um inusitado discurso crítico, em um mero blockbuster de ação, acima da média, mas sem a profundidade temática que poderia.

Ainda assim, o apuro técnico do diretor, e a presença marcante do protagonista sustentam o longa-metragem, que é entretenimento bem realizado, e que deixa muitas possibilidades para a sequência do filme.



Quanto vale: Um ingresso.


Homem de Ferro
(Iron Man)

Direção: Jon Favreau

Duração: 126 minutos

Ano de produção: 2008

Gênero: Ação

5 comentários:

Guilherme Hollweg disse...

Concordo.

Curti.

Grande post Ibaldo.

Grande post mesmo.

Veio, te mandei email.

Dá uma olhada lá!

hehehe

Abração!


Guiga Hollweg

marci disse...

Eu admiro a tua caacidade de fazer estágio extra, estágio curricular, TCC, cuidar da filha e ainda se manter informado sobre muita coisa, em especial o cinema! :O
Como faz? HAHAHA
Fiz um blog arquivístico. [aham!]
eraumaveznoarquivo.blogspot.com/
hasta...

Marcel Ibaldo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

iaê véio,

mais informações sobre a vinda do roger e da avaliação de portifólio aqui
http://www.quantaacademia.com/escola/home_UPA.htm
liga pra eles lá.

abraço!

Marcel Ibaldo disse...

Valeu pelos comentários.