É uma maldição conhecida.
Por motivos que ninguém consegue explicar, os games possuem uma severa dificuldade em migrar para o cinema.
Não importa se eles já absorveram a linguagem cinematográfica em seus enredos, ou quanto seja investido para que os filmes sejam produzidos. São realmente muito raras as adaptações que sejam bem recebidas pelo público e crítica.
Na verdade, eu só consigo lembrar de duas que valham a pena ser assistidas: “Terror em Silent Hill” (2006), e “Final Fantasy VII: Advent Children” (2005). Especialmente este último.
Na verdade, eu só consigo lembrar de duas que valham a pena ser assistidas: “Terror em Silent Hill” (2006), e “Final Fantasy VII: Advent Children” (2005). Especialmente este último.
E com certeza não faltou investimento.
Elencos famosos, efeitos especiais, e ainda assim nada funcionou.
Mas ao menos a franquia Resident Evil provou que é possível arrecadar um bom dinheiro em bilheterias mesmo não apresentando um produto minimamente aceitável.
Sendo assim, a adaptação de um game clássico e cheio de ação tende a ser no mínimo um modo prático de lucrar bastante, e se possível, criar uma nova franchise de ação.
Pelo que os trailers indicavam, o produtor Jerry Bruckheimer estava tentando isso, e um pouco mais, afinal, o contexto do jogo “Príncipe da Pérsia” trazia um aspecto épico que não poderia ser ignorado.
E é exatamente nesse fator que ele e o diretor Mike Newell investem no início do filme, não que seja recheado de batalhas entre exércitos intermináveis, mas é o modo como o combate é delineado, sustentado por uma intriga familiar que tende a conduzir a trama.
O ex-órfão Dastan, hoje um dos príncipes da Pérsia, passa a ser aquele que pode desmantelar uma conspiração para tomar o poder do reino.
Nada original, mas nada mal.
E assim passam vários minutos da metragem em que as lutas e perseguições, baseadas em grande parte no parkour, além dos efeitos especiais competentes vão mantendo o filme um divertimento suficiente para que o espectador acredite que está assistindo um dos prováveis êxitos provenientes dos games para a telona.
Ledo engano.
Esta premissa óbvia e simplória só poderia sustentar um longa-metragem caso o diretor responsável fosse capaz de tornar as novas sequências em espetáculos de ação dignos de compensar o roteiro sem nenhum aspecto realmente interessante.
Ao invés disso, o cineasta Newell perde o controle de sua obra em tentativas de soar sério, e em equívocos tentando ser engraçado. Logo, o pouco que havia de razoável acaba indo por água a baixo quando até mesmo as lutas tornam-se repetitivas e sem graça, em um desperdício de tempo facilmente comparável ao pior longa-metragem proveniente da franquia “A Múmia”, ou seja: “O Escorpião Rei” (2002).
Enquanto isso, as atuações fracas e cheias de canastrice não ajudam, e mesmo o elogiado pela crítica em seus outros filmes, Jake Gylenhall, esquece de tudo que aprendeu a respeito de atuação para se adequar à trupe de coadjuvantes que compõem todo o elenco.
E quando chega a ficar claro que “Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo” não tem menor chance de ser melhor do que isso, o jeito é apenas suportar a infinidade de minutos que resta de filme, lamentando que nem os clássicos estejam imunes à maldição dos games no cinema.
Quanto vale: NEM meio ingresso.
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
(Prince Of Persia: The Sands Of Time)
Direção: Mike Newell
Duração: 116 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Aventura
4 comentários:
É pelo jeito, o mundo dos games e dos cinemas parecem não estar na mesma frequência.
Em tempo: esse final Fantasy é realmente um ótimo filme.
Valeu pela crítica. Ótimo texto.
Discordo quanto a uma atuação: Alfred Molina.
É o único que se salva no filme, e é uma pena que apareça tão pouco.
No mais, o filme era para ser uma nova franquia "a lá Piratas do Caribe", mas não passou nem perto.
É questão de opinião, mas eu considerei a atuação do Alfred Molina apenas menos ruim que a dos demais. Só isso.
Não necessariamente seria um destaque do filme.
Mas de qualquer modo, também não foi culpa dele o filme ser ruim.
A respeito de virar franquia, numa dessas até acontece, mas aos trancos e barrancos, se bem que nos games já existem uns possíveis roteiros que seria questão de adaptar pro cinema.
Ainda assim, espero que eles nem tentem continuar se for pra manter as coisas desse jeito.
Valeu pelos comentários.
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