Quando o filme foi anunciado, eu esperava tão pouco dele que nem incluí na lista de filmes a serem assistidos em 2010.
A opinião de quem conhecia a HQ em que ele foi inspirado era diferente, e insistentemente alguns veículos da mídia encheram a paciência para que o longa-metragem fosse assistido.
Sendo assim, a oportunidade de conferir o resultado do novo filme do diretor Edgar Wright chegou, e tive a chance de descobrir se minha opinião prévia estava certa ou errada.
Ao assistir o tal vídeo de divulgação tudo me pareceu exagerado demais, inverossímil e sem propósito. Talvez fosse a proposta do diretor, mas tudo dependeria do roteiro.
Logo de início, uma pista do que esperar.
Uma música-tema familiar com cara de emulador de videogame de plataforma soa algo estranho a princípio, mas com o tempo se torna parte de um todo absolutamente nostálgico e inesperado.
Os tais efeitos sonoros de games são o complemento para todas as cenas.
E não apenas isso.
A tela fica repleta de referências, cores vibrantes, e linhas de ação tornando a história do protagonista uma espécie de retorno triunfal ao auge do Super Ness, Mega Drive, etc.
Wright age exatamente na condição de um adolescente explorando as possibilidades do aparelho de videogame recém-adquirido.
A semelhança óbvia com o “Speed Racer” (2008) dos Wachovski é talvez a principal referência do diretor para compor o visual e alguns aspectos narrativos. Talvez por isso que o público tenha recebido de maneira semelhantemente negativa ambos os filmes, apesar do alto investimento em efeitos especiais e marketing.
Afinal, nos dois casos não somente o visual exige plena compreensão do público para que este aceite a obra fílmica.
No que se refere a Scott Pilgrim existe também um apego à própria origem nos quadrinhos, que beira a genialidade várias vezes, e também um estilo muito peculiar de humor, ousado e muito arraigado em suas referências, na maior parte do tempo absurdas demais se comparadas com o estilo das comédias de adolescentes em cartaz atualmente.
O cinema de Edgar Wright possui ainda certas características das quais ele não abriu mão dessa vez, mas que estão em segundo plano, afinal, sem elas o filme já possui um excesso de informação que no ritmo em que é apresentado deve dificultar as coisas pra quem já vai ao cinema esperando assistir uma comédia romântica qualquer.
Ainda que existam doses exorbitantes de excelentes cenas de ação, tudo se desenvolve de modo a levar ao amadurecimento do protagonista, competentemente interpretado por
Michael Cera, que vê sua jornada para enfim namorar a bela Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) se transformar em motivo de constante espancamento nas mãos dos ex-namorados da guria.
Todo o envolvimento dos personagens adere à estética retrô, no que poderia ser a melhor comédia recente sobre um cara que quer ficar com uma guria que parece areia demais pro caminhão dele, isso se não fosse pelo fato de que o diretor Marc Webb já realizou “(500) Dias Com Ela”.
Comparações a parte, não se pode negar a avalanche de ideias das quais o diretor Wright fez uso para tornar sua obra um original retrato de uma época, sob a ótica dos nerds que a vivenciaram.
Dialogando inclusive com a bidimensionalidade das páginas da HQ, vai tornando seu elenco cada vez mais convincente em meio a esse mundo implausível que trouxe às telas, e que permanece com toda a consistência dos relacionamentos comuns que ele se dedica a espelhar.
Dialogando inclusive com a bidimensionalidade das páginas da HQ, vai tornando seu elenco cada vez mais convincente em meio a esse mundo implausível que trouxe às telas, e que permanece com toda a consistência dos relacionamentos comuns que ele se dedica a espelhar.
E ao final da sessão, o que fica é a curiosa certeza de que o melhor filme de videogames já feito não é uma adaptação de videogame.
Vai entender.
Quanto vale: Um ingresso com louvor.
Scott Pilgrim Contra O Mundo
(Scott Pilgrim Vs The World)
Diretor: Edgar Wright
Duração: 112 minutos
Ano de Produção: 2010
Gênero: Comédia / Ação
4 comentários:
Esse filme é bem legal mesmo. Tem tudo para em um futuro próximo ser um clássico dessa geração.
Filmaço.
Boas atuações, história legal, enredo nerd. Realmente um belo longa.
Merecedor de um valioso ingresso inteiro. hehehe
Valeu a postagem!
Com certeza o diretor Edgar Wright conseguiu realizar um dos filmes mais nerds de 2010, isso se não for O Mais Nerd.
De qualquer modo, mostra que ele entende de adaptações de HQs pro cinema, e isso é importante sendo ele o responsável pela versão cinematográfica do herói da Marvel, o "Homem-Formiga".
Aguardemos.
Oi Marcelo! Muito bom o seu trabalho!!
Cara, sou arquivista e tô fazendo mestrado em ciência da informação na UnB em brasília. Gostaria muito de ter acesso ao seu filme "a vingança do arquivista", pq tô fazendo umas pesquisas sobre arquivo e cinema.
Tem alguma forma de adquirir o seu filme???
Qualquer coisa meu e-mail é:
leonardolnm@yahoo.com.br
obrigado desde já.
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